sexta-feira, 10 de outubro de 2008

E vai ser assim...


...exatamente um dia após completar meus 93 anos. Dia 20. Dia ensolarado, nem muito quente nem muito frio. Céu azul sereno e claro. Nuvens brancas de algodão.
Vou deitar no parque perto da árvore mais robusta, me esticar na grama verde e com a brisa tocando meu rosto vou contemplar a vida with myself. Me deliciar com o calorzinho do sol, me espreguiçar gostoso, sentir o ventinho (talvez não goste de vento, pois velhinhos sentem muito frio) e admirar a imensidão do céu do melhor angulo possível.
Quando encher meus pulmões de puro ar e satisfação, vou olhar pro lado e como num piscar de olhos é que eu me vou. Morri. Simples assim. Essa será minha passagem pra paz celestial.

3 comentários:

Gislaine Marques disse...

Que viagem!!! Um conselho, faz isso agora que o prazer vai ser tão intenso quanto. (mas não inventa de morrer agora, tá?) rsrs

Unknown disse...

Pensar num dia perfeito pra morte é algo transcendental, eu diria. Achei linda sua imersão nos momentos que antecederão sua passagem.

Mas, sinceramente, fica cada vez mais difícil pra mim me imaginar velhinha ou pensar na morte. Sinto tanta energia pulsando nas veias.

Não vou mentir. Já tentei.Jogando conversa fora com amigos, sempre vem aquele papo: como você se imagina velha? Faço um esforço danado, mas é em vão.

Não consigo nem imaginar meu black power grisalho. Não é medo da velhice. Simplesmente não rola. Talvez seja porque observar pessoas idosas em Londres é como ver a institucionalização da velhice.

Os velhinhos parecem que nunca foram jovens. Grande parte tem um jeito uniforme de se vistir, agir e falar. Aí, me esforço. Tento ver juventude naquelas pessoas. E, mais uma vez, é em vão.

Parece que nasceram com 80, 90 anos. Por isso, acabo achando que o melhor remédio é evolução como ser humano e espírito. O resultado deste processo evolutivo vai pode ser uniforme ou único, funcionário público ou freelancer, pensionista ou muchileiro, Rock Roll ou Canto Gregoriano.

Não sei qual será o meu fim. Não sei quem vou me tornar. Busco total liberdade e desprendimento do que o mundo joga na minha frente. Quero o processo inverso, de dentro pra fora.

Sendo sincera, não seria nada mal morrer aos 93 no momento de um orgasmo numa casa bastante iluminada pelo sol, com janelas abertas e cortinas brancas balancando ao vento.

Viu? Nada real. Vou aproveitar a vida que ainda é bem real.

Lua disse...

Gis

sim, o problema é que em Londres agora tá um frio danado! E nem brinca -risos- quero muito é VIVER!


Fabi

sempre tão filosófica...se te contar que meu próximo post, que já rabisquei ontem) fala exatamente sobre esse ponto: velhice, vida. Concordo muito contigo que os velhinhos parecem terem sempre sido velhinhos. Estranho isso.


Adorei a tua "possível" morte-hehe!