quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Boininha

Tudo bem ela querer usar boina no inverno. Esse é um hábito que os europeus cultivam bastante, inclusive é lindo de ver aquelas francesinhas, espanholitas altas, magras e esbeltas. Usando boinas de diferentes cores e estilos, cheias de charme, com caimento natural sobre a cabeça. Aquele tipinho super cool, despojado, que parece não tá nem aí pro visual, mas que está simplesmente linda.

O que não posso suportar, e aí você há de concordar comigo, é que num país tropical, em que praia e mulher pelada é o que há, uma mulher de meio metro, que parece estar vestida de motoqueira do oeste, coloque uma boina dessas. Ainda mais dessa forma- reta na cabeça- sem nenhum charme, tipo capacetinho..ah fala sério, não tolero mal gosto.

Sei que você deve estar pensando aí com seus botões, quem esse cara pensa que é? Coisa mais bichona ficar tão exaltado por uma roupa mal conjugada. Por um capacetinho na cabeça? Macho que é macho não quer saber da embalagem e sim do conteúdo.
Ah, bobagem, digam o que quiserem, nesse quesito não me influencio. Pra mim nada melhor que uma gostosa, em que a embalagem é tuudo de bom, com aquela carinha de saudável, arzinho de sapeca. Tem que despertar o apetite - esse é o primeiro pré-requesito. Na ordem de importância, só depois é que vem o conteúdo. Digamos assim, numa metáfora bem chula, a embalagem seria a essência, como um pão cacetinnho. Já o conteúdo seria secundário, podendo mudar, variar o recheio, é pura força de vontade - com um pouquinho de esforço para alguns e disciplina ferrenha para outros.

Bom, fiquei matutando tudo isso e pensei: porque não dar mais uma chance? Nosso encontro fora marcado para amanhã às 20h.

Vai que aquele dia ela só estava num dia ruim, acontece! Também não tô com essa bola toda, melhor conferir de nuevo o conjunto da obra.

20h
- Oi Gatinho, tudo bem? Nossa, foi muita gentileza da sua parte ter vindo me buscar.
- Oi Raquel, tudo numa boa. Que isso, como um bom cavalheiro não poderia fazer diferente.

Silêncio até o restaurante.

Ao chegarmos no restaurante me pronunciei:
- Quem sabe você me dá o chapeuzinho pra eu guardar? (meus braços estavam desesperadamente estendidos na sua direção).

Raquel nunca mais falou comigo.

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