Nessa fase "férias forçadas" a insonia é minha melhor amiga. Aquela que antes dormia com a Cinderela agora não dorme antes das 3 da madruga. Normal pra muitos, mas estranho pra mim, que sou ser da luz e do dia!
Anyway, o bom é que com esse tempo livre, geralmente tão escasso pra todos nós, dá pra atualizar todas as leituras, ir de blog em blog, de fotolog em fotolog, de flikr em flickr, saber tudo que tá acontecendo com TODO mundo e com o mundo, "tomar um fartão" e chegar a conclusão mais manjada do mundo, mas nem por isso menos assustadora de que vivemos soterrados na era virtual!
Tchê, agora mesmo tava lendo um blog de um amigo que aderiu ao twitter. Pra quem não sabe é um programa em que cada participante conta pra sua rede o que tá fazendo no momento em que tá fazendo!
Há quem diga que esse programa age com se fosse uma espécie de "terapia freudiana", fazendo uma metáfora esdruxula. A partir de uma ação despejada ali por um dos integrantes, como numa catarse diária, sem penso algum, os outros integrantes vão formando livre associações, dando alguma continuidade ao texto inicial (mesmo que pareça sem sentido), gerando assim a construção de correntes de comunicação.
Bacana? Talvez. O que acrescenta? Ainda não enxerguei o brilho dessa ferramenta. A primeira vista me parece um Big Brother boring. Só mais uma página pra atualizar e perder tempo. Mas quem sou eu pra falar do twitter, eu mesma já aderi a tantas outras ferramentas dessa espécie, como orkut, blog, flickr, facebook.
O fato é que quando faço essa "limpa na galera" me assusto um pouco. Quanto tempo dedicamos ao VIRTUAL e o quanto isso interfere no REAL?!
Com todo esse, digamos assim "excitamento virtual" pode o "excitamento real" ser um sonho sempre a alcançar, lá adiante?
Tava lendo ontem a entrevista do Slavoj Zizek (em outro blog obviamente) e uma das respostas bateu forte e acho que reflete um pouco isso:
-When were you happiest?
"A few times when I looked forward to a happy moment or remembered it - never when it was happening."
Outra situação que me fez pensar nesse excesso virtual em que vivemos foi quando recebi umas amigas que eu adoro aqui em Londres. Confesso que me choquei com a instantaneidade com que elas atualizavam a viagem delas pros outros.
Suponho eu que a idéia de viajar seja justamente desconectar, vivenciar algo novo, culturas, pessoas e por aí vai.
Não que elas não tenham curtido a viagem, mas praticamente todos os dias da estada delas aqui o orkut foi abastecido com fotos, e nisso obviamente o feedback da turma querendo saber as novis...e daqui a pouco mensagens do celular pros amigos e fotos e filmes e fotos e filmes...
Numa parte da viagem me lembro da Fer, que mora aqui em Londres, comentando:
- Eu fui pra Paris, cheguei na Torre Eiffel e quando eu me dei conta vi que a gente tinha fotografado TODA ela, fazendo caras e bocas e ângulos, mas eu ainda não tinha parado pra olhar pra ela, pensar nela. Era como se a gente estivesse numa espécie de compulsão: tirando e tirando foto sem parar e contemplar realmente.
Estaria a nossa mente trabalhando menos ao passo que tudo é armazenado em algum outro lugar fora do nosso corpo/mente?!
Me despeço aqui. Depois de quase três horas lendo os textos alheios, mais uma escrevendo no blog eu vi que eu ainda tenho que atualizar o orkut, o flickr, o facebook e ir dormir.
Namorar?
Quem sabe...